Tags
adulto voluntário, B-P, Baden-Powell, bons cidadãos, geração X, geração Y, geração z, J. S. Wilson, John Skinner Wilson, melhores cidadãos, movimento, valores escoteiros, virtudes
Toda sociedade modifica-se, naturalmente evoluindo, avançando e desenvolvendo seus padrões culturais. Notadamente vem se tornando cada vez mais inclusiva.
Não é diferente com a educação e, mesmo não sendo um estudioso do tema, posso afirmar que sofreu profundas transformações nas últimas décadas.
O Movimento Escoteiro, também sofreu mudanças significativas, seja por seu caráter educacional, por tratar-se de um marco na sociedade mundial ou mesmo para adequar-se as necessidades/prioridades das gerações “X” (nascidos entre 1960 e 1980), “Y” (pós 1984 até 1990) e “Z” (nascidos a partir dos anos 1990).
Entretanto, nosso Método permanece atual e, ao mesmo tempo, inovador. Sua abordagem para atingir os objetivos de formação do caráter e de valores, de criação de um ser humano que se posicione como um cidadão ativo e participativo em sua sociedade é que foram adequados as novas necessidades.
Muitos de nós pudemos sentir estas mudanças havidas recentemente, mas o próprio fundador do Escotismo, Baden-Powell nos alertava: “Primeiro tive uma idéia. Mais tarde vi um ideal. Agora temos um Movimento, e se alguns de vocês não ficarem atentos terminaremos somente com uma organização.”
Este alerta, feito nos primórdios do Movimento, nos chama a atenção para que não percamos o Norte do Escotismo e que não fiquemos com discussões secundárias.
A importância do Movimento não pode ficar perdida em meio a adultos que acreditam ter uma organização para si, para sua valorização pessoal ou para realizar frustrações.
Não foi a toa que John Skinner Wilson, primeiro Diretor do Boy Scouts International Bureau (posteriormente Bureau Mundial), escreveu que “ao terminar a segunda guerra mundial, muitos de nós sentiram a necessidade de reafirmar ao mundo as verdades singelas da honestidade, da caridade, da solidariedade e da confiança em si.”
Será que tais “singelas” virtudes perderam a atualidade? Ou teriam perdido talvez a necessidade no nosso século? Não se aplicariam essas verdades ao que esperamos dos futuros cidadãos de um país como o nosso Brasil?
Somos adultos voluntários no Escotismo porque acreditamos ser capazes de tornar os jovens – assim como almejou B-P – bons cidadãos.
Lutemos por isso até o final, com todo esforço e na certeza de termos feito o nosso melhor possível nesta tarefa, pois, somente assim não teremos desperdiçado nosso tempo, nossa passagem, por este planeta.
Luis Antonio Duarte da Silva disse:
Concordo plenamente com o texto acima, temos que tomar muito cuidado para que nosso movimento não se torne uma organização. Nosso moveimento é uma instituição forte, mas ao mesmo tempo frágil, pois somos receptíveis a todas as personalidades e ideias que supostamente possam fortalecer nossos ideais, que as vezes são mascaradas com outras intenções.chefe Luis
Idesio Luiz Altenhofen disse:
Sábias palavras, Márcio! Me dá esperanças quando vejo o presidente da minha Região Escoteira preocupado com o “foco”. Se educarmos pelo exemplo e termos sempre a preocupação com a formação das crianças norteando nossas iniciativas, podemos esperar muito do Movimento Escoteiro. Agora, não basta o diagnóstico. Temos que ser pró-ativos na correção do rumos que estão equivocados…Abraço, SAPS!
Gilmar Sousa Chagas disse:
Estamos juntos nesta bela empreitada.Rumo sempre avante,apesar de estarmos com os pes na terra,olhamos tambem para as estrelas e deixaremos que elas iluminem os nossos passos para fazer sempre,o melhor possivel para o nosso ideal,o ESCOTISMO MUNDIAL E FRATERNAL.O MUNDO NECESSITA DE AMOR.GILMAR SOUSA CHAGAS
Paulo Henrique disse:
Boa postagem Marcio, é como uma vez ouvi dizer… No movimento escoteiro, a essência que deve, e sempre deve, prevalecer frente aos “acessórios”.
Grande abraço! SAPS!
Rosa Maria disse:
Palavras que não podem ser esquecidas, Márcio. Parabéns! O escotismo deve ser uma semente colocada em terra fértil, regada, cuidada. Teremos farta colheita. Usando o bom censo não nos perderemos no individualismo.
javalicinzento disse:
Caro irmão Marcio:
Todo posicionamento sobre determinado assunto, possui dois lados, como você bem mencionou. Você fez sua promessa em 1987, portanto, muito antes de todas as modificações que levaram o Movimento Escoteiro nacional ao atual estágio no qual se encontra. Você preleciona a prevalência do conteúdo sobre a forma. Muito coerente. Inicialmente. Mas, mesmo esta, ainda é uma visão simplista do assunto, que vai muito além da mera questão “do que vestir” e deve ser vista mais como apenas o efeito externo da causa primária:
inicialmente, a questão da representação institucional. Isto é, a vontade da instituição prevalecendo sobre a vontade de seus membros. E dos motivos reais que levaram a esse tipo de atitude institucional. Em segundo, há a questão da indumentária como forma de identidade de ideias. Não sei se sabe disso, mas nossa instituição quer impor o uso da mesma indumentária a todas as modalidades, indistintamente. E, aqui em nosso imenso território nacional, temos 3 modalidades: do ar, do mar e básica. Uma chefe amiga disse-me o seguinte, em uma Assembleia: esse uniforme que visto, é a minha identidade. E por ela quero ser reconhecida, (ela é uma chefe de grupo de mar). Como pode ver, o assunto é muito mais complexo e tem ramificações muito mais amplas do que pode parecer à primeira vista.
Outro aspecto a ser ressaltado, é essa atual corrente do chamado “neo escotismo”, que tenta dar à filosofia criada por B-P, um viés (complexamente) educacional. Agora, temos em nossos quadros, PHD’s, MBA’s, Mestres, etc., debatendo o “valor pedagógico” do Escotismo. Até aí, nada. Escotismo é para todos. Contudo, quando esse tipo de concepção se sobrepõe à própria visão daquele que o criou, de que o Escotismo é “aprender fazendo”, simples, prático, objetivo, fico pensando o que sentiria o José da Siva, artesão, residente no Oiapoque, ou no Chuí, que, lendo um volume de “Escotismo para Rapazes” que lhe caiu nas mãos, (isso seria perfeitamente possível, tendo em vista que o livro de B-P é um dos dez livros mais publicados no mundo até hoje), resolveu aplicar aquilo que está ali, para os jovens de sua vila.
Assim, como tentei demonstrar, o tema é muito mais complexo do que inicialmente possa parecer. E falo isso também de cadeira, pois estou no movimento a quase 40 anos e também tenho pós graduação em Magistério. Detalhe: “educadores”, todos nós somos, de um modo ou de outro. Você, como pai, certamente o é.
Devemos ter a mente aberta. E ouvir. Ouvir sempre. Como prega a filosofia Zen budista: “um copo precisa estar vazio para poder ser novamente enchido”.
Aperto de mão esquerda. Sempre Alerta para Servir o Melhor Possível!
E, bons ventos o levem, (já que também sou escoteiro do mar).